terça-feira, 1 de março de 2016

Pedro Bandeira - A droga da obediência [Desafio Alfabeto Literário]

Fevereiro chegou ao fim, assim como as férias... E para comemorar este mês diferentão, de um ano bissexto, resolvi enfrentar minha vergonha e abraçar Pedro Bandeira!

Pois é, na verdade abracei-o de verdade :3 Mas minha vergonha maior é admitir que nunca havia lido um só livro desse lindo... Acho que devo ter pegado, folheado, cheirado o tal Mistério de Feiurinha, mas nunca fui além disso, ainda mais depois que a fofa da Xuxa gravou o famigerado filme!

Enfim, o livro também foi adquirido na Feira da UFPR em 2015 para conseguir um autógrafo do Pedro Bandeira, o que ele fez com um lindo e embigodado sorriso no rosto! (não consigo conter meu amor por ele depois de tê-lo conhecido - foi a melhor palestra que presenciei no evento!)
Sinopse: A Droga da Obediência é o primeiro da Coleção Os Karas e foi publicado em 1984. 
Num clima de muito mistério e suspense, cinco estudantes - os Karas - enfrentam uma macabra trama internacional: o sinistro Doutor Q.I. pretende subjugar a humanidade aos seus desígnios, aplicando na juventude uma perigosa droga! E essa droga já está sendo experimentada em alunos dos melhores colégios de São Paulo.
A primeira coisa que me chamou a atenção deste livro foi seu título. Sempre ouvia "droga da obediência" como algo "que droga obedecer" e nunca como "um remédio - uma droga para tornar as pessoas obedientes". A nova edição também é muito atrativa, colorida, utilizando de características de HQ. Boa jogada por parte da editora.

A história é divertida, leve e tem uma narrativa muito ágil. Pedro Bandeira consegue amarrar uma coisa na outra, com ótima continuidade, fazendo com que o leitor fique instigado a querer saber o desfecho. Fico pensando por que nunca entrou nas listas de recomendados pelos professores de Língua Portuguesa (pelo menos não era quando eu estudei!) - aqueles obrigatórios. 

Os adolescentes são retratados de forma tão natural e ao mesmo tempo a obra como um todo traz temas que refletem nos jovens até os dias de hoje. O que mais gostei da história é que apesar de ser dos anos 80 é tão atual. Contudo, acredito que 30 anos atrás, os jovens fossem mais maduros como Os Karas: Miguel, Cadú, Magrí, Crânio... 

Achei a história interessante, cheia de aventuras, e por que não dizer inspiradora? Se eu puder, vou recomendar a cada jovem esta coleção, para que eles possam se inspirar nesses personagens incríveis criados por Pedro Bandeira. 

Autor: Pedro Bandeira
Editora: Moderna
Ano: 2014 (5ª edição) [publicado primeiramente em 1984]
Páginas:190

5 estrelas
 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Elie Wiesel - A noite [Desafio Alfabeto Literário]


Eis que estamos no segundo mês do Desafio lançado pela galerinha do Mundo de Tinta. Neste mês de fevereiro deveríamos escolher um ou mais autores com as iniciais E, P ou X.
Ao olhar minha estante, percebi que tinha muitos escritores com a letra E e uns poucos gatos com a letra P. Fiz um sorteio básico e caiu nas minhas mãos o pequeno grande livro de Elie Wiesel

Talvez poucos o conheçam (eu mesma não tinha noção de sua existência), mas Elie é tão importante quanto Anne Frank quando o assunto é holocausto, judeus, Auschwitz...
Nascido em Sighet, Transilvânia (hoje faz parte da Romênia), em 1928, Elias Wiesel é um sobrevivente dos campos de concentração nazistas. Apesar de todo o sofrimento passado, ainda vive em sua jovialidade de 87 anos. Em 1986 recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua obra de 57 livros, os quais foram dedicados à memória do Holocausto em busca de defender grupos de vítimas de perseguições.

MAS... o que dizer da obra em si?

A obra não ficcional de Elie Wiesel conta sua passagem por campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Na época, Elie era apenas um adolescente que se é separado da mãe e da irmã, e passa a lutar pela vida com seu pai. Durante este livro memória conta o que viu e viveu nos campos com o pai: mortes, execuções, torturas e sofrimentos.

O que mais me deixou angustiada na narrativa é que o autor relata um homem que foi deportado de seu vilarejo anteriormente, mas consegue regressar e alertar a todos de Sighet. A questão é que como esse homem (chamado de Mochê Bedel) era um morador de rua - na verdade não especifica bem, mas dá a entender que sim - ninguém acreditou nele, rindo, caçoando, chamando-o de louco. Passado alguns dias os alemães chegam como bons moços, para então porem em ação o "plano malígno" de Hitler. 

Em sua narrativa, Elie demonstra sua decepção com Deus e questiona muito Sua presença e até mesmo existência, passando a desistir das orações e largar toda a sua crença para trás.



Apesar de conhecermos um pouco da História, da barbárie que foi o holocausto, e quanta gente sofreu e outros tantos que morreram, não sentimos na pele tudo isso. Eu mesma, fruto de um infância de final da ditadura, nem sei o que é sofrer tanta repressão, mas mesmo assim me questiono como os homens podem ser capazes de tanta maldade - e ainda me surpreendo que nem a História ensinou nada ao homem e continua com as mesmas barbáries. 

Segundo o prefácio escrito por François Mauriac, esta obra impressiona pela "morte de Deus nessa alma de criança que descobre subitamente o mal absoluto".

Às vezes, na leitura, acabava me esquecendo que eram relatos reais, que um jovem estava descrevendo por tudo o que passou, pois apesar de tanta dor, o autor encontrou uma forma de nos contar de forma simples e direta.
Este livro é resultado de uma ferida que precisava ser tratada, mas a cicatriz permanecerá como marca e lembrança.

"Três dias após a libertação de Buchenwald, eu caí muito doente [...] Um dia pude me levantar [...] Queria me ver no espelho pendurado na parede em frente. Não via meu rosto desde o gueto.
Do fundo do espelho, um cadáver me contemplava.
Seu olhar nos meus olhos não me deixa mais."

 Depois dessa leitura, cheguei a conclusão que DEVO ler Diário de Anne Frank [pois é, vergonha admitir que nunca li!]


Autor: Elie Wiesel
Editora: Ediouro
Ano: 2006 (3ª edição) [publicado primeiramente em 1955]
Páginas:120

domingo, 31 de janeiro de 2016

André Vianco - Sementes no Gelo [Desafio Alfabeto Literário - Janeiro]


por Priscilla Fernandes

Neste mês de janeiro, para o desafio lançado pelo blog Mundo de Tinta, teria de escolher um (ou mais) autores cuja inicial do nome fosse com a letra A ou K. Acabei escolhendo em minha prateleira o brasileiro André Vianco.

Este é um autor que já havia ouvido falar diversas vezes em encontros literários, e ano passado (2015) participei de uma mesa redonda com ele na Feira Literária organizada pela UFPR e SESC-PR. O livro Sementes no Gelo foi adquirido, pois o autor havia feito uma resenha e tanto, que acabei me interessando pela história.

Sinopse: A cidade de Osasco se depara com um mistério assustador. O detetive Esperança, por acaso, é contratado por uma amiga de infância para descobrir o que a atormenta em seu apartamento durante a noite. E sem querer, o detetive e a polícia local acaba se envolvendo com espíritos enraivecidos.
Logo no início, narra-se um prisioneiro que abusava de crianças que morre em circunstâncias muito estranhas. O policial que guardava a cela afirma ter visto crianças entrarem na cela do abusador e o matarem. Contudo, aquilo parecia muito absurdo na visão racionalista do chefe de polícia.
Paralelamente a esse fato, outros acontecimentos envolvem crianças que surgem do nada e realizam atos um tanto quanto violentos e estranhos. 

Tânio Esperança é um ex-policial e agora detetive particular, que assume o caso de sua amiga de infância – Lizete: uma criança que surge durante à noite e a chama de mamãe... Claro que Tânio, descrente, acha que tudo não passa da imaginação Lizete. Contudo, ele descobre que estava tremendamente enganado.

Com o desenrolar da história, Tânio, juntamente com a polícia da cidade, descobrem que essas crianças-espíritos são mantidas em uma clínica de fertilização, que mantém embriões congelados, mesmo aqueles que não serão fertilizados. Esses embriões – ou melhor, o espírito deles – ficam atormentados, vagando pelo mundo dos vivos e agindo como se fossem justiceiros. Com a tentativa da polícia em desvendar esse caso, as "crianças-espíritos" acabam tomando-os como alvo...

Apesar de André Vianco ser conhecido como escritor de terror, achei mais um suspense. O enredo é muito bom, nclusive daria um bom filme, porém, fiquei um pouco frustrada com o livro e seu desenrolar. Primeiramente, quando comecei a ler o livro, achei que haviam trocado a capa do miolo do livro. Por ser um livro de menos de 200 páginas, a história não se aprofunda em nada, apenas eventos são narrados, outros personagens são inseridos, mas estão apenas jogados, não senti uma ligação. A aventura de Tânio Esperança, na tentativa de ajudar sua amiga, também fica devendo. 

Não senti ligação alguma com nenhum personagem e quando terminei a leitura achei que o autor estava querendo deixar alguma brecha para uma continuação.