sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Miliopã com Gengibirra: Especial Halloween

por Tathy Zimmermann

O Terror, também chamado de Horror, é um gênero literário, cinematográfico ou musical, que está sempre muito ligado à ficção e à fantasia. O Terror também pode ser verificado na pintura, no desenho, na gravura e fotografia.
A abstrata ideia de terror ou o ato de transmitir o sentimento de terror ou horror pode ser verificado em todas as formas de arte. Nas últimas décadas, especialmente a partir dos anos de 1990, até os dias de hoje, o gênero também compreende um estilo de desenvolvimento de jogos eletrônicos.
Nesse mês do Halloween, fizemos uma edição especial extra do Miliopã com Gengibirra com uma homenagem a esse estilo cinematográfico, contando um pouquinho da história desse gênero.
As histórias de terror sempre fizeram parte do imaginário do ser humano; o prazer em sentir medo e a arte de infligi-lo possuem no cinema uma manifestação extremamente popular: entre as quatro paredes da sala escura, assistir a um filme de terror tornou-se uma atividade totalmente dissociada de qualquer outro gênero cinematográfico; quem está lá sabe bem quais sensações encontrará.
Os filmes de terror possuem uma estética peculiar, em que os aspectos técnicos, como iluminação e trilha sonora, têm uma maior importância na composição do suspense, contribuindo para que o espectador seja induzido à apreensão, tendo as mais diversas reações, desde um fechar os olhos, um aperto no braço do acompanhante (para o mais medrosos) até a ingestão compulsiva de pipocas (para os mais sádicos).
Mansão do Diabo
Um bom filme de terror é aquele que consegue expressar convincentemente a contraposição entre o tradicional e o original, ou seja, o bom e velho susto, e a surpresa envolvida nesse susto. A história dos filmes de suspense está ligada à história do cinema: desde os primeiros filmes mudos até os efeitos especiais utilizados hoje em dia. O interessante é que para os fãs do terror, quanto maior o susto, quanto maior o incômodo, melhor será nosso julgamento a respeito do filme.
O primeiro filme de terror foi um curta de Georges Méliès, chamado Le Manoir du Diable (A mansão do Diabo), de 1896. O filme de Méliès tem quatro minutos e conta a história de um cavaleiro atormentado por ilusões após entrar na casa do diabo.
Outro responsável pelos primeiros sustos foi o Gabinete do Dr. Caligari, do alemão Robert Wienne, de 1919, que junto com Nosferatu, de W. Murnau, de 1922, seriam referências para todo o gênero de horror produzido depois, devido em grande parte à atmosfera sobrenatural e gótica.

 
Assista ao A Mansão do Diabo

Lon Channey como o Fantasma da Ópera


Nos primeiros anos do cinema, os estúdios tinham alguma relutância em produzir filmes de terror. O nome que mais fomentou o estilo foi o ator Lon Channey, conhecido como “o homem de mil faces”, por interpretar diversos personagens na década de 1920, como O médico e o monstro, de 1920, O corcunda de Notre Dame, de 1923, e O fantasma da Ópera, de 1925. As interpretações magistrais de Channey renderam fãs ao gênero do terror.

  Assista ao filme completo de O fantasma da Ópera


Lugosi como Drácula
Karloff como o monstro de Frankenstein
A partir da década de 1930, os filmes de horror passaram a se inspirar em lendas europeias e histórias sobre vampiros, múmias, cientistas loucos, homens invisíveis, lobisomens e aristocratas insanos, tendo como referência os clássicos de Bram Stoker e Mary Shelley. Dois grandes nomes se destacam nesse período: Bela Lugosi e Boris Karloff.

  


Assista ao Fantasma Invisível, com Bella Lugosi (completo e legendado)
 

Assista aO zumbi, com Karloff, de 1933 (completo e legendado)

Com a crise financeira da década de 1930 e depois com a Segunda Guerra Mundial, o horror da guerra passou a fazer parte do dia a dia das pessoas, fazendo com que os sustos no cinema deixassem de arrepiar as pessoas. Algumas obras são representativas desse período, como King Kong e O homem invisível, inspirado na obra de H. G. Wells, ambos de 1933, A múmia, de 1932, O retrato de Dorian Gray, de 1945, inspirado no livro de Oscar Wild.


A década de 1950 marcou a volta do horror às telonas, explorando personagens clássicos em filmes baratos que abusavam da sensualidade e da cor. O principal nome desse período é Christopher Lee, cuja interpretação de Drácula, de 1958, Dr. Franskenstein, A maldição de Franskenstein, ambos de 1957, tornaram o ator um ícone do gênero.
O período de Guerra Fria trouxe a temática científica para o gênero do terror, com bolhas radioativas, animais modificados por radiação, experiências em seres humanos que resultam em monstros. Assim, os filmes de terror tornaram-se os preferidos dos jovens e dos adolescentes. Foi nesse cenário que surgiu um visionário do estilo: Roger Corman, com seu clássico A pequena loja dos horrores, de 1960.
 
Corman revelou que era possível assustar muito gastando pouco. Esse filme ainda é legendário por trazer o iniciante Jack Nicholson em uma participação pequena, mas representativa. Corman ainda foi o responsável pela estreia de vários importantes atores e diretores, como Robert De Niro, Martin Scorcese, Peter Bogdanovich e Francis Ford Coppola. Este último, aliás, teve seu primeiro filme produzido por Corman nessa época, a história de horror Dementia 13, de 1963.


A década de 1960 foi fértil e produtiva para o terror, em especial devido às produções de Alfred Hitchcock, cujos filmes são todos clássicos cultuados pelos fãs do gênero do horror. Outro nome cultuado é George Romero, que produziu em 1968 o copiado, refilmado e plagiado Noite dos mortos-vivos. Além desses dois, destaca-se Roman Polanski, que se tornou um bem-sucedido diretor do gênero, em especial depois de seus filmes Repulsa ao Sexo, de 1965, A dança dos vampiros, de 1966 e O bebê de Rosemary, de 1968.

                           Veja A noite dos Mortos-vivos, de 1968 (completo e legendado)


No Brasil, o maior nome do gênero é o aplaudido e cultuado diretor José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão. Seus filmes não possuem a técnica cinematográfica de Hollywood, mas com criatividade o diretor conseguiu produzir grandes obras como À meia-noite levarei sua alma, de 1964, Esta noite encarnarei no teu cadáver, de 1966, e O despertar da besta, de 1969. Durante a ditadura militar, Zé do Caixão foi perseguido e seus filmes censurados e para sobreviver o diretor se obrigou a filmar diversos títulos de sexo explícito. Atualmente, seu gênio foi reconhecido internacionalmente, rendendo fãs aos seus filmes.


Veja o filme completo: Esta noite encarnarei no teu cadáver

A partir dos anos 1980, o gênero do terror se tornou bastante fértil com uma produção de vários títulos emblemáticos e importantes. Seria muito chato listar todos aqui, portanto, falaremos apenas dos mais importantes: Steven Spilberg, com seus famosos Encurralado, de 1972, Tubarão, de 1975, Poltergeist, como roteirista e produtor; John Carpenter, que influenciou diversos diretores com seus filmes de assassinos impiedosos e misteriosos; os livros de Stephen King, que viraram versões cinematográficas antológicas nas mãos de diversos diretores, como Brian de Palma e Stanley Kubrick; David Lynch, que é um diretor genial do gênero, embora incompreendido; Wes Craven, que ficou famoso com seu assustador Freddy Krueger; David Cronenberg, que dirigiu filmes cultuados, como Filhos do Medo, de 1979, Scanners, Sua Mente Pode Destruir,  de 1981, A Hora da Zona Morta, outra adaptação de Stephen King, de 1983, Videodrome – A Síndrome do Vídeo, de 1983, A Mosca, refilmagem de A Mosca da Cabeça Branca, de 1986 e Gêmeos – Mórbida Semelhança, de 1988. E não podemos nos esquecer do grande Tim Burton, que traz o horror mesmo em desenhos animados tidos como infantis, como Os fantasmas se divertem, de 1988, O estranho mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas), de 1993, Ed Wood, de 1994, A lenda do cavaleiro sem cabeça, de 1999, A noiva cadáver, de 2005.
Johnny Deep, como Ed Wood, e Martin Landau, como Bella Lugosi, no filme de Tim Burton em homenagem a esse diretor da década de 1930
Antes de terminar o assunto, lembramos que nos últimos anos os aficionados por filmes de terror foram agraciados pelos filmes asiáticos, que são perturbadores, envolventes e mesmo sem os efeitos especiais dos filmes de Hollywood, são assustadores e incomodam pelo susto e principalmente seu aspecto psicológico.
A qualidade do terror asiático é indiscutível, tanto que os estúdios norte-americanos se renderam a eles fazendo diversas refilmagens. Entre eles, destacam-se os japoneses O chamado (Ringu), de 1998, que foi refilmado nos Estados Unidos com o título de The Ring ; O Grito (Ju-On), de 2002; Uma chamada perdida (Chakushin Ari), de 2003, refilmado com o título de One Missed Call, Almas reencarnadas (Rinne), de 2005; o coreano O mistério das duas irmãs (Janghwa, Hongryeon), de 2003, que conta com uma refilmagem norte-americana bastante interessante, com o mesmo título do original; o tailandês Espíritos, a morte está a seu lado (Shuter), de 2004; e o chinês O olho (Jiaàn Guí/a), de 2002, refilmado com a belíssima Jéssica Alba como protagonista.

Agora, basta escolher algum desses títulos sugeridos, abrir seu pacote de Miliopã, colocar uma Gengibirra gelada no copão e curtir alguns sustos. Bom divertimento!!!
 




 

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