segunda-feira, 30 de junho de 2014

Personalidade do Mês: George Orwell

Nossa personalidade convidada do mês de junho marcou muito a cultura popular contemporânea, sua visão política – apontada por alguns como anarquista e simpatizante do socialismo não autoritário – e suas obras perduram até os dias de hoje.

Estamos falando nada mais, nada menos do que de Eric Arthur Blair – nascido em Bengala, Índia, no dia 25 de junho de 1903. O quê? Não o conhece? Nunca ouviu falar?
Talvez, Eric seja muito mais conhecido por seu pseudônimo: George Orwell... Ah... Agora sim!!!

Filho de funcionário público, quando tinha apenas um ano de idade foi para Inglaterra com sua mãe, Ida Blair, e nunca mais retornou a Índia. Estudou no Reino Unido e, em 1922, foi para a Birmânia (depois Myanmar) como oficial de polícia. Após 5 anos, demitiu-se e passou a “viajar” durante algum tempo pela França e o Reino Unido, enquanto desempenhava todo tipo de trabalho. Em 1933, publicou um relato autobiográfico sobre as experiências obtidas durante esse tempo de andanças: Sem eira nem beira em Paris e Londres (Down and Out in Paris and London).

As obras de Eric – ou melhor, Orwell – possuem estilo simples e ficaram muito conhecidas pela perspicácia e pelo bom humor, mas sempre apresentando consciência profunda das injustiças sociais e uma intensa oposição ao totalitarismo.

Orwell abraçou o ideal socialista, pois via nessas teorias uma alternativa ao sistema injusto da sociedade da época e uma forma de combater os totalitarismos (fascismos e nazismo) que cresciam em quase todos os países da Europa e em várias outras partes do mundo. Assim, publicou algumas obras a partir do ideal socialista, mas com uma posição nada ortodoxa. Por exemplo, em 1935, publicou o romance contra o imperialismo Dias na Birmânia (Burmese Days); a obra A estrada para Wigan Píer, de 1937 (The Road to Wigan Píer) é um testemunho de sua convivência com os mineiros e uma crítica às teorias dos intelectuais de esquerda; e a obra Homenagem à Catalunha (Homage to Catalonia, 1938), narra suas experiências como combatente republicano na guerra civil espanhola e critica a atitude comunista no conflito.
Contudo, George Orwell se desencantou com o socialismo, sobretudo com a vertente stalinista - Stalin estabeleceu um regime totalitarista (que era, na opinião de Orwell, o pior sistema político possível) na União Soviética. Dessa forma, nosso Eric, decidiu dedicar os últimos anos de sua vida a denunciar o totalitarismo, sob todas as suas formas, e o socialismo stalinista.

Com isso, veio o prestígio como grande crítico do sistema político e como escritor, após a publicação de duas obras emblemáticas, que tiveram uma impressionante projeção e acabaram acirrando o combate ideológico entre socialistas e capitalistas durante a Guerra Fria.

A revolução dos bichos (Animal Farm, 1945) é uma brilhante fábula satírica inspirada na traição da revolução soviética a seus próprios ideais, esta obra foi muito criticada na época, devido à suposta alusão ao governo Stalin. Nessa obra, os animais de uma fazenda fazem uma revolução e tomam o poder, causando grande medo e alvoroço nas fazendas vizinhas, devido ao medo de que outros animais também se revoltassem seguindo o exemplo. Entretanto, os porcos da fazenda acabam dominando os demais animais, de modo totalitário. É desse livro a famosa frase de Orwell “Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros”.

Com sua última obra, 1984 (Nineteen Eighty-Four, 1949), o sucesso do escritor foi ainda maior. Este romance trata de um Estado Totalitário, com controle absoluto sobre a sociedade e nega a individualidade dos próprios cidadãos. Embora a obra tenha despertado grandes controvérsias, constitui, em essência, um repúdio ao totalitarismo de qualquer espécie e uma advertência contra a sistemática distorção dos fatos para a elaboração de versões oficiais. É nesta obra que aparece pela primeira vez o tal onipresente Big Brother.
Afligido pela tuberculose, George Orwell morreu em Londres em 21 de janeiro de 1950.

Nota histórica por Tathy Zimmermann:

Totalitarismo é o que chamaríamos hoje de ditadura, com a diferença que os regimes totalitaristas possuíam toda uma ideologia por trás e subiram ao poder com a apoio do povo, mesmo que o povo depois tenha sofrido as consequências disso. Então, chamamos de Totalitarismo os sistemas políticos em que o Estado fica sob a autoridade de uma única pessoa, grupo, partido político ou facção. Por exemplo: A Alemanha nazista; a Itália fascista; o regime do general Franco, na Espanha, O regime de Salazar, em Portugal; o stalinismo, na União Soviética; e, a ditadura de Getúlio Vargas, no Brasil.
Nos regimes totalitaristas, o Estado se esforça para controlar e regulamentar todos os aspectos da vida pública e privada, mantendo o poder político através de uma propaganda abrangente divulgada através dos meios de comunicação dominados pelo Estado, com uso de uma rígida censura. O líder, normalmente uma figura carismática, é cultuado e quase endeusado. Ocorre um rígido controle da economia e o uso indiscriminado do terrorismo de Estado (violência contra os cidadãos, torturas, prisões sem justificativa legal etc.)

REFERÊNCIA

GRANDE Enciclopédia Barsa. 3. ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional Ltda., 2004. v. 10, p. 499.

SCHILLING, Voltaire. O big brother de George Orwell. Disponível em: http://
educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/bigbrother.htm. Acesso em: 30 jun. 2014.

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