quinta-feira, 1 de maio de 2014

Resenha: Fahrenheit 451

por Tathy Zimmermann


Obra escolhida para o Desafio Literário de Abril  
Autor: Ray Bradbury
Editora: Globo
Ano: 2012
páginas: 256


Fahrenheit 451 realmente foi um livro que mexeu comigo!


Em um desses testes bobinhos que circulam pelo Facebook, para verificar qual livro você seria, meu resultado deu esse livro. Em princípio fiquei curiosa, mas ao começar a ler, não conseguia mais parar.

Segundo o próprio autor, esse livro foi escrito em umas poucas horas, na Biblioteca da Universidade da Califórnia, que alugava as máquinas de escrever a 10 centavos por hora. Por ser uma obra escrita de forma tão rápida, à primeira impressão pode parecer um livro pouco profundo, mas é um livro que critica severamente a sociedade americana no auge da Guerra Fria. O livro, um romance distópico de ficção científica, foi publicado pela primeira vez em 1953 e nele vemos uma sociedade na qual ser intelectual é crime, as bibliotecas foram queimadas e ter opiniões próprias é uma atitude subversiva.

Um governo totalitário, num futuro incerto, que mantém a sociedade manipulada pelos meios de comunicação: as rádio-conchas – uma espécie de fone de ouvido – que transmite initerruptamente pensamentos para que as pessoas não precisem pensar por si mesmas; e, uma espécie de telão, onde programas televisivos e interativos mantém as pessoas alienadas da própria realidade. Esse ponto do livro lembrou muito os atuais reality shows e a nossa sociedade. As pessoas não conseguem ter conversas profundas, devaneios, ou não se propõe mais nenhuma espécie de reflexão sobre a vida, apenas comentam as coisas faladas nas rádio-conchas e os programas apresentados no telão. Mildred, a esposa do protagonista do livro, Guy Montag, chega ao absurdo de ter três telões na sua sala, para poder participar ativamente dos programas, recebendo roteiros do que deve ser dito, sem pensar no por quê de dizer aquelas frases, mesmo assim, fica extasiada com a ideia – assim como ela, as pessoas dessa sociedade passam a chamar os personagens dos programas de “família”.

Montag é um bombeiro, que sente prazer com sua profissão, que não é a de apagar incêndios, uma vez que as casas são anti-incêndio, mas sim queimar os proibidos livros. O título do livro é uma referência a isso, 451 graus Fahrenheit é a temperatura da queima do papel, equivalente a 233 graus Celsius. Porém a vida de Montag muda quando ele conhece Clarice McClellan, uma menina de 16 anos que se autointitula “louca” por não ver televisão e por olhar e questionar o mundo. Em contato com essa menina, Montag começa a mudar sua perspectiva e muitas coisas poderão acontecer.

Através dos anos, o romance foi submetido a várias críticas e interpretações. o Autor, Roy Bradbury, afirma que foi a expressão de um apaixonado por livros e bibliotecas, declarando que não é contra a televisão ou os meios de comunicação de massa, apenas que esses destroem o interesse pela leitura. entretanto, nas entrelinhas de seu livro pude perceber muito mais que isso. A massificação da educação, formando cidadãos que sabem mexer com alta tecnologia, é capaz de construir máquinas avançadas, mas não mais se importam com o pensamento crítico. A crítica a uma sociedade onde os confortos modernos e o lazer proporcionado pelos programas televisivos, acabam por denegrir a imagem daqueles que preferem ler, questionar e conversar sobre suas reflexões. Apesar de o livro estar completando 61 anos, ele é ainda muito atual. Vale a pena ser lido!

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