Resenha: Garota Exemplar

por Liz Sumeragi

Obra escolhida para o Desafio Literário de Fevereiro 
Autor: Gillian Flynn 
Editora: Intrínseca 
Ano: 2013

páginas: 448

[CUIDADO, pode conter spoilers!]

Na véspera de seu quinto aniversário de casamento, Amy desaparece. Seu marido, Nick, parece tranquilo demais para não ser o culpado de alguma coisa. O diário de Amy mos

tra a decadência de um relacionamento, iniciando pela felicidade que ela sente ao se casar com ele, se sentindo ignorada pelo marido, e por fim, o medo do que ele poderia fazer com ela. Tudo, absolutamente tudo, aponta para Nick, que passa a lutar cada vez mais ativamente para limpar seu nome. Mas será que Amy é assim, tão exemplar?

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Então, vou começar confessando. Lí o livro em inglês (paguei metade do preço numa época em que realmente não conseguia ou podia gastar muito com livros.), então peço desculpas antecipadamente se peguei algum termo errado. (Amy, no original, não é Exemplar, ela é Amazing).  

Outra coisa que talvez precise ser dita é que eu AMO (por mais que eu os odeie eu os amo) livros que me fazem sentir alguma coisa por seus personagens. Seja amor, raiva, ciúmes, se um personagem me faz querer gritar de frustração e/ou jogar o livro pela janela e/ou bufar de raiva, é um livro bom na minha cabeça. (Então, podem me perguntar, por que o livro não ganhou 5 estrelas? E eu respondo: Porque foi um martírio passar pelas primeiras 228 páginas - supostamente, as primeiras 150 em pt-br).

A autora teve uma sacada muito genial ao alterar os pontos de vista do Nick e da Amy durante o livro todo. Na primeira parte, especialmente, não tem como não detestar o Nick. E não tem como não se solidarizar com Amy. 

Nessa primeira parte a Amy só perde (seu dinheiro, sua família, seus amigos, seu emprego, sua casa, etc etc etc) enquanto o Nick só ganha (fica perto da mãe, da irmã - que é mais sua alma-gêmea do que a esposa, ganha um ambiente de trabalho, amigos, etc. etc. etc.). E, nessa parte, Nick se demonstra extremamente despreocupado com o desaparecimento e possível assassinato da esposa. (E eu prometo que tentarei menos daqui pra frente.)

A partir da segunda parte começamos a perceber que Amy não é assim a garota tão perfeita que é pintada na primeira parte. Conhecemos mais a fundo todos os podres do Nick, mas começamos a perceber que algo não cheira bem no reino de Amy. A partir dessa perspectiva de que, talvez, os dois não sejam assim tão diferentes, eu comecei, não a sentir pena do Nick, mas talvez a odiá-lo menos. 

E, finalmente na terceira parte, a situação realmente fica inteira ferrada. Realmente mesmo. A partir da terceira parte a gente não sabe quem é pior no vespeiro.O livro foi extremamente bem escrito, não deixou nenhuma ponta solta e, deixe-me dizer, foi extremamente perturbador. Os personagens são tão reais que parece que é possível tocá-los. O final foge aos clichês, e, se você espera um final feliz, fique longe do livro. Esse livro não é para qualquer pessoa.Posso até dizer que é possível sentir medo da autora. Afinal, se ela conseguiu pensar a Amy, o que ela não é capaz de pensar, e fazer?Garota Exemplar estreia nos cinemas neste ano (3 de Outubro nos Estados Unidos, ainda sem data definida em solo tupiniquim) e eu realmente quero ver esse filme. (E estou realmente curiosa, já que aparentemente o final do filme vai ser diferente do final do livro. Que, por sinal, pra mim foi absolutamente perfeito.) 

Enfim. Agora que eu spoleei o suficiente, leiam.